Postado em 09/06/2016 - Fonte: Cáritas Regional Rio Grande do Sul

Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social debate questões do meio ambiente e aquecimento global

 

     Entre os dias 02 a 4 de junho deste mês ocorreu em Criciúma/SC uma das etapas do Seminário Nacional de Articuladores nos Estados do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS) com a presença de pastorais sociais da CNBB (Cáritas), movimentos sociais e entidades da sociedade civil. O evento reuniu representantes dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e ocorreu na UNESC - Universidade do Extremo Este Catarinense - fazendo parte da programação da Semana Mundial do Meio Ambiente. O objetivo é consolidar o processo de formação para então disseminar informações, gerar consciência crítica e mobilizações da cidadania visando contribuir para o enfrentamento das causas estruturais do aquecimento global que provocam mudanças climáticas em todo o Planeta Terra.

     Houveram diversas assessorias que desenvolveram assuntos pertinentes à “Casa Comum”, entre elas estão o Prof. Francisco Eliseu Aquino, do Departamento de Geografia da UFRGS, que falou sobre a origem das mudanças climáticas e os desastres ambientais; o Prof. Alfredo Ricardo Silva Lopes, da UFMS, abordou sobre a importância de preservar a memória dos desastres socioambientais, visando à preparação, resiliência e prevenção dos indivíduos e comunidades; Associação dos Atingidos do Morro do Baú/Ilhota; Ivo Poletto apresentou as perspectivas do Fórum Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça Social e sua visão especialmente sobre as mudanças climáticas e matriz energética brasileira; Prof. Carlyle Torres Bezerra de Menezes tratou sobre o modelo energético baseado no minério de carvão e suas consequências para a vida; Juliano Bueno de Araújo, do movimento ‘Não Fracking Brasil’ alertou sobre os danos e riscos da extração de gás de xisto que está acontecendo ‘silenciosamente’ no Brasil, enquanto em outros países há forte resistência da sociedade organizada; Carlos Biasi, da FAO Sul do Brasil, fez sua fala sobre as mudanças climáticas e impactos na produção de alimentos e na nutrição humana.

     Além disso, ‘a fila do povo’ com apresentações espontâneas dos participantes, foi um momento muito rico para evidenciar diversas experiências exitosas, enquanto resistência à lógica irresponsável de extração das riquezas naturais, como também de práticas alternativas individuais e coletivas, sobretudo ações locais que contribuem para cuidado da vida humana e do planeta.

     A conclusão após viver esses dias de intenso debate e compartilhamento de informações é de que o “sul maravilha” está desequilibrado. Isto é constatado nas percepções da vida cotidiana das pessoas, como comprovado cientificamente nas pesquisas realizadas, sobretudo na Antártica - apresentadas pelo Prof. Aquino. Há sinais confirmados de que profundas mudanças climáticas estão ocorrendo. Eventos como enchentes, secas, tornados, ventanias, ondas de frio e de calor se tornam cada vez mais comuns e extremas. Ocorre também a elevação da temperatura e dos níveis do Atlântico, entre outros fenômenos.

     O que podem provocar estas mudanças são ações já conhecidas como o processo de destruição dos biomas Mata Atlântica e Pampa para implantar pecuária e monoculturas do agronegócio, construção de cidades com suas indústrias somadas a atividades predatórias e ameaçadoras da extração e indústrias de minérios, especialmente do carvão e gás de xisto. “É terrível e mortal a contaminação dos lençóis e aquíferos da Terra, e por isso das fontes, córregos e rios estarem poluídos, além de formar tremores de terra na superfície que vivem as pessoas”, diz Poletto.

     Papa Francisco na Encíclica Laudato Si: Sobre o Cuidado da Casa Comum, fala que a “geração anterior” talvez tenha sido a mais irresponsável em relação ao meio ambiente, e que esta nossa geração pode ser marcada pela que estabeleceu a mudança - conversão ecológica, a necessidade de comunhão dolorosa com os que sofrem e à Mãe Terra. Para Poletto, “Cabe certamente aos que impõe o sistema capitalista de exploração de terra e das pessoas a maior responsabilidade. Mas de alguma forma, todas as pessoas que se deixam envolver pelo consumismo também ajudam a agravar as mudanças do clima. Por isso é urgente mudar o nosso sistema de vida.” Assim, devemos nos desfazer da ideia de que a Terra e o meio ambiente estão aqui para nos servir, adotar o pensamento de que fazemos parte disso tudo e que estamos diretamente envolvidos com a saudabilidade de todos nós.

     Em outubro deste ano, depois de todas as etapas de seminários regionais de debate pelo Brasil, será elaborado um mapa nacional das mudanças climáticas e suas principais consequências na vida das pessoas, principalmente dos mais empobrecidos, e da Mãe Terra.

     O Rio Grande do Sul participou com 17 pessoas representantes da Fundação Luterana de Diaconia, Avesol, Centro de Referência em Direitos Humanos de Porto Alegre, Centro Administrativo das Ilhas, Defesa Civil de Porto Alegre, Secretariado Regional da Cáritas, Cáritas Diocesanas de Bagé, Pelotas, Passo Fundo, Erexim, Vacaria e Caxias do Sul.

 

 

 

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