Postado em 09/01/2019 - Fonte: Brasil de Fato

Documentário mostra a luta de mulheres nordestinas contra o machismo

As histórias mostram caminhos de libertação, empoderamento, resistência e denúncia das mulheres

   “O machismo até hoje ainda existe. Eu via nas reuniões de mulheres… eu via as mulheres chorar com um menino pequeno e dizer, — fazer como diz a história, vocês me desculpem que eu vou falar mesmo —, e dizer que pra ela ir pra aquele encontro, pra aquela reunião foi obrigado ela servir ao marido tantas vezes na noite, que era pra ela não ter vontade para os outros. Pense, uma mulher servir a um homem no desejo dele três, quatro vezes numa noite pra poder sair? É muito difícil”, Maria Faraildes Alves Dantas, 83 anos, moradora de Brejo Grande, no município do estado de Sergipe, faz esse e outros relatos no filme Sem Medo de Ser Mulher, produzido com diversos relatos de mulheres camponesas.

   Ao lado de Maria, o documentário mostra ainda a história de Josefa dos Santos, 88 anos, também moradora de Brejo Grande. “Antigamente o homem dizia assim: a mulher só tem direito do corredor para a cozinha, agora, da sala para a varanda era o homem. O machismo do homem era esse. Se nascia uma criança e fosse mulher era descriminada, por que? Aí perguntavam: que foi que nasceu? — Uma mulher, foi uma menina. Aí dizia: — Perdeu o ano. Se fosse homem, aí dizia: — Que foi que nasceu? — Foi homem. Aí dizia: — Há, agora você ganhou o ano! Tinha mais três fogos pra soltar” relata Josefa, relembrando as experiências vividas.

   O filme Sem medo de ser mulher é uma iniciativa da Cáritas Brasileira e conta com a direção do cineasta Luis Teles. Com duração de 25 minutos, o vídeo revisita a trajetória da luta de mulheres de várias gerações e áreas de atuação contra o machismo. Elas são donas de casa, religiosas consagradas, empreendedoras, militantes, e mães que percorreram caminhos de libertação, empoderamento, resistência, denúncia e anúncio traçados no chão da Bahia e de Sergipe.

   Os testemunhos das mulheres em suas lutas representam situações sofridas e superadas com a ajuda de organizações, entidades e movimentos populares, acentuando as vozes femininas e o trabalho pelo fim da violência contra a mulher. O documentário está disponível no YouTube e pode ser assistido aqui:

 


 

 

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